quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

JESUS

Jesus é Mestre por excelência. Ele não ensinava como os fariseus – seus ensinos refletiam o modo como vivia.
   Ele não ensinava a moda dos escribas – seus ensinos tinham autoridade.
   Ele não ensinava como os filósofos gregos – seus ensinos produziam vida eterna.
   Ele não ensinava como os tribunos romanos – seus ensinos impunham a ética do Reino.
   Ele não ensinava tal qual os rabinos – seus ensinos era da nova aliança.
   Ele não ensinava semelhante aos monarcas – seus ensinos eram graciosos.
   Ele não estudou em escolas rabínicas, mas muitos rabinos se tornaram discípulos seu.
   Ele não era membro do Sinédrio, mas os inquietou com suas verdades.
   Ele não era amigo de Pilatos, mas, no silencio, o ensinou a verdade.
   Ele ensinava o que ouvira do Pai Eterno ( João 15.15), enquanto outros, o que aprenderam nos livros.

Igreja & Ciências




IGREJA E CIÊNCIAS DA IDADE MÉDIA
X
IGREJA E CIÊNCIAS MODERNA
O progresso científico é necessariamente um processo descontínuo, em que avanços se alternam com períodos de estagnação. Disso, a história da medicina é um exemplo.
Durante muito tempo predominou, na antiguidade, a visão de mágico religiosa, segundo a qual a doença era resultado de castigo dos deuses, de maldições e feitiçaria.
Os médicos, poucos, não inspiravam muita confiança. escolas de medicina só surgiram no final da idade média; até então o aprendizado era empírico e excluía importantes conhecimentos, como o da anatomia.
Dissecar cadáveres era uma prática severamente condenada pela igreja por motivos religiosos, sendo que quem ousasse a desafiar as ordens e dogmas da igreja eram mortos em fogueiras por serem considerados como feiticeiros e bruxos. Considerava-se que a sacralidade do corpo de Cristo e estendia para os demais corpos vivos ou não. Em conseqüência a medicina continuava baseando nos trabalhos de Galino, que não associava doença a órgãos ou sistemas e na qual erro de anatomia não era raro.
 A ciência moderna,em especial a pesquisa de células-tronco tem gerado grandes debates entre medicina e religião.
Mas em um contexto diferente ao da idade média, pois enquanto na idade média a igreja "desprovida de conhecimento científico" não aceitava as pesquisas somente por uma questão religiosa, colaborou com o caos das pestes. Hoje em especial mostra que não é apenas por questões religiosas que se mantém contra as pesquisas de células- tronco "embrionária", mas procura mostrar a sociedade  com base em estudos científicos, como podemos observar na mídia.
No programa Diálogo Brasil ouve um debate sobre o assunto, onde esteve presente o Ministro da saúde, Humberto Costa; a professora da Universidade de Brasília (UNB), especialista em microbiologia, Lenise Garcia e aprofessora da Universidade do Rio deJaneiro (UFRJ),Cláudia Batista,que é especialista em células-tronco, Mayana Zats. 
O Ministro da saúde disse ser a favor da pesquisa e que sa células-tronco embrionárias tem mais capacidade de se diferenciar do que as células-troncos adultas (retiradas do cordão umbilical e medula óssea).
Mas, a professora da UNB, especialista em microbiologia, discordou do Ministro. Ela é contra o uso de células-tronco embrionário. “A visão da igreja coincide com a ciência. A maioria dos cientistas concorda que a vida começa com a fecundação. A visão de que o ser humano começa com o sistema nervoso é uma visão daquele que está interessado em usar as células-tronco". Disse a professora.
A professora da UFRJ, especialista em células-tronco, concordou com a professora Lenise Garcia e disse: "Após a fecundação, estaríamos interferindo em todo o programa de desenvolvimento de um indivíduo da espécie humana" enfatizou ela.
"Do ponto de vista científico, não existe até hoje nenhuma pesquisa bem sucedida de terapia com células-tronco embrionárias. As células-tronco sem falar nos problemas de rejeição, já levaram ao desenvolvimento de tumores e anomalias, enquanto as células-tronco adultas já estão sendo aplicadas com relativo". Afirmou o padre e professor na PUCRS, Érico João Hammes. 
O pastor e doutor em teologia Silas Malafaia, em entrevista ao canal livre da rede de televisão band, afirma que a Teologia Cristã não está contra a ciência com argumentos vazios e sem nexo, só por ser uma questão religiosa, mas afirma ele que de acordo com biologia, a genética e medicina fetal, a vida começa na fecundação o que significa que ao destruir uma célula-tronco embrionária é o mesmo que matar uma vida e isso não pode servir de interesse sociológico econômico e nem político. E volta a enfatizar " não é uma questão religiosa.  

Discecar cadáveres era uma prática severamente condenada pela igreja por motivos religiosos sendo que quem ousasse desafiar as ordens e dogmas da igreja eram mortos em fogueiras por serem considerado como feiticeiros e bruxos. Considerava-se a sacralidade do corpo de Cristo eisso se estendia a todos corpos vivos ou não. Em conseqüência a medicina continuava baseando nos trabalhos de Galino, que não associava doenças a órgaos e sistemas, e a qual erros de anatomia não eram raros. 
 A ciência moderna, em especial a pesquisa de células-tronco tem gerado grandes debates entre ciência e religião. Mas em uma realidade diferente ao da idade média, pois enquanto na era medieval a igreja era desprovida de conhecimento científico baseando-se apenas em interpretações errôneas da Bíblia, não aceitava as pesquisas apenas por uma questão religiosa colaborou com o caos das pestes.
 Hoje a igreja mostra que não é apenas por questões religiosas que se mostra contra as pesquisas de células-tronco, mas procura mostrar a sociedade com base em estudos científicos, como pode observar na mídia:
 No programa diálogo Brasil, aconteceu um debate sobre o assunto onde esteve presente o ministro da saúde, Humberto Costa; a professora da Universidade de Brasília (UNB), especialista em microbiologia, Lenise Garcia e a professora da Universidade do Rio de Janeiro (UFRJ), que é especialista em células-tronco, Cláudia Batista.
 O ministro da saúde diz ser a favor das pesquisas e que as células-tronco embrionárias têm mais capacidade de diferenciar do que as células-tronco adultas (retiradas do cordão umbilical e medula óssea).
 Mas a professora da UNB, especialista em microbiologia, discordou do ministro. Ela é contra o uso de células-tronco embrionário. "A visão da igreja coincide com a ciência. A maioria dos cientistas concorda que a vida começa na fecundação. A visão de que o ser humano começa no sistema nervoso é uma visão daquele que está interessado em usar as células-tronco embrionárias”. Disse a professora.
 A professora da UFRJ, especialista em células-tronco concordou com a professora Lenise Garcia e disse: "Após a fecundação, estaríamos interferindo em todo o programa de desenvolvimento de um indivíduo da espécie humana". 
 "Do ponto de vista científico, não existe até hoje nenhuma pesquisa bem sucedida com terapia com células-tronco embrionária. As células-tronco embrionárias, sem falar nos problemas de rejeição, já levaram ao aparecimento de tumores e anomalias. Enquanto as células-tronco adultas têm sido aplicadas com relativo sucesso”. Afirmou o padre e professor da PUCRS, Érico João Ramos.
 O pastor, psicólogo e dourtor em teologia, Silas Malafaia, em entrevista ao canal livre da rede bandeirantes de televisão, afirma que a teologia cristã não está contra a ciência com argumentos vazios e sem nexo, só por ser uma questão religiosa, mas afirma ele que de acordo com a biologia, a genética e a medicina fetal, a vida começa na fecundação o que significa que ao destruir uma célula-tronco embrionária é o mesmo que matar uma vida e isso não pode servir de interesse sociológico, econômico e nem político. E ressalta que a igreja não é contra as pesquisas de células-tronco adultas, mas a embrionária sim, e não é por questões religiosas, mas sim científicas. 

  

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Enfrentando o Passado

                                               CORAGEM PARA RECORDAR


Geralmente, não gosto, não curto e não me inclino a reaparecer no meu próprio passado. Seja por falta tempo, por uma autocrítica severa, me acostumei a viver sem lembranças do passado. Simplesmente não vejo nada interessante em ficar lembrando o que passou. É uma questão pessoal - talvez por sofrer saudades, talvez por saber que as coisas boas não voltarão, ou talvez, ainda, por ter certeza de que as coisas erradas não poderão ser consertadas... Não sei. Enfim, ao contrário de todas as minhas brigas internas, hoje a necessidade me bate a porta e a coisa está acontecendo. Lembro-me de muitas coisas passadas.

Vem-me a memória neste momento, uma fazenda, uma casa grande, vários animais comuns neste tipo de ambiente e uma cena me roubam a atenção: Uma senhora com roupas simples e seis crianças ao seu redor, todos atentos como se estivessem entendendo e viajando para outro mundo. Ela conta-lhes fábulas como se a mesma tivesse vivido noutros tempos. A narradora é a minha mãe, que nos encantava com suas histórias, eu e meus irmãos não cansávamos de ouvi-la. Após a história ela ia alfabetizar os três maiores, minha irmã Ana Maria com 08 anos, meu irmão Adilson com 07 anos e eu com 06 anos. Com ela aprendemos a escrever e a ler palavras simples e também os números. Na época, a escola rural mais próxima ficava cerca de quilômetros, meu pai não tinha tempo de levar meus irmãos, que já tinham idade para começar os estudos. A dificuldade obrigou-nos a mudar daquele que eu considerava um paraíso.

Depois de vagarmos por várias fazendas, pois essa era a profissão do meu pai, viemos morar em Santo Afonso, cidade pequena na época ainda distrito. Meu pai foi obrigado a trabalhar no garimpo, única fonte de renda da localidade e morávamos em uma casa de barro que tinha apenas dois cômodos, mas minha mãe como sempre sabia transformar qualquer espaço em um paraíso.

Na cidade, eu que já tinha completado sete anos e meus irmãos mais velhos começamos nossa jornada escolar na escola Acadêmico Lauro Augusto de barros, ansiosos e radiantes pela nova aventura, fomos ao nosso primeiro dia de aula. Como já tínhamos sido semi alfabetizado não tivemos dificuldades, graças a nossa mãe que mesmo tendo estudado somente até a quarta série, não hesitava em ajudar a quem quisesse. Lembro-me dela comentar que havia lecionado para os filhos de fazendeiros e empregados em uma fazenda sendo remunerada pelo proprietário da mesma. Mas voltando ao assunto, este primeiro ano de aula foi maravilhoso, estudava com a professora e freira irmã Maria Luiza Cassiolato, que nos dava aula de reforço na casa paroquial com direito até o bolo e suco, era uma maravilha.

Na segunda série, estudei com outra irmã da paróquia a professora Terezinha, infelizmente não me recordo do sobre nome dela, mais estava tudo bem até que no dia 11 de novembro de 1988 quando eu estava no banheiro tomando banho e escutei um barulho, quando olhei minha mãe estava caída no lavador de roupas. Apavorada e sem saber o que fazer me vesti, mesmo estando toda ensaboada corri até ela caída e segurando uma camiseta do meu irmão caçula João Paulo de apenas 03 aninhos que a observando sem entender nada. Então pedi a outro irmão Salvarino na época estava com 04 anos para chamar minha irmã Ana Maria que estava na vizinha passando roupa, pois nós ainda não tínhamos energia elétrica. Neste intervalo de tempo chegaram outros vizinhos que a colocaram dentro de casa e foi quando ouvi uma senhora já de idade avançada e experiente, a qual todos a chamavam respeitosamente de Vó Izabel, dizer que o coração dela havia parado e minha mãe havia morrido. O veredito final veio quando a mesma chegou do hospital dentro do caixão. Apartir daí tudo mudou nas nossas vidas.

Minha avó materna até que teve boa vontade para ficar cuidando de nós, mas ela não conseguiu. Lembro me de um dia que ela deu uma bronca no Adilson, ela conseguiu arrumar encrenca com todos os seis irmãos, não queríamos saber se ele estava errado em subir no ultimo galho de jambeiro, ela não era nossa mãe, portanto não tinha o direito de brigar com nenhum de nós. Já devem ter imaginado o que aconteceu, isso mesmo ela foi embora, não aguentou quinze dias.

Aí a coisa pegou, minha irmã Ana Maria que só tinha dez anos ficou responsável por tudo, pois meu pai trabalhava hoje pra comer amanhã e não podia ficar em casa para cuidar de nós.

E agora quem nos ajudaria nas tarefas? Quem iria contar historinhas para nós? E a casa, as roupas, e os pães de fermento de batatinha que só minha mãe sabia fazer? Tudo virou uma desordem, não podíamos cobrar da Ana Maria, ela também não sabia e não dava conta, meu pai da melhor maneira possível distribuiu as tarefas. Eu com apenas oito anos fiquei responsável para lavar as louças e preparar o jantar, a Ana Maria ficaria com as roupas e o almoço e ambas cuidaríamos dos irmãos mais novos, eu à tarde, pois estudava pela manhã. O pior é que não sabíamos fazer nada, não foi fácil, mas conseguimos sobreviver comendo arroz, de vez em quando duro outrora mole demais, feijão queimado, carne dura e assim por diante.

Na escola foi escola foi um pesadelo, por não termos quem nos ajudasse nas tarefas e até na higiene pessoal, sofríamos com desprezo e porque não dizer preconceitos de professores e equipe pedagógica e isso sem contar dos colegas.

Recordo que na escola nós e todos os alunos éramos ameaçados, se não nos comportássemos bem seríamos levados à secretaria e dependendo da gravidade do nosso “delito” ficaríamos ajoelhados podendo ser em grão de milho ou até mesmo tampa de garrafa. A tábua com as tampas de garrafas pregadas ficavam na porta da secretaria, lembro-me bem desta imagem.

Nunca fiquei sabendo de algum aluno que tivesse passado por essa tortura, mas o medo era terrível.

Na sala de aula eu e meus irmãos tivemos uma queda na aprendizagem, o comportamento também alterou. Eu e o Adilson (nove anos) estudávamos a segunda série série, ele ficou mais agressivo e inquieto a ponto de a professora correr atrás dele dentro da sala, como não conseguiu pega-lo jogou o apagador no mesmo, graças a Deus que não acertou. Outro dia minha irmã Alecssandra (seis anos) tinha tarefa para fazer e a mesma só queria brincar, como eu estava incumbida de cuidar dela me achava no direito de forçá-la. Peguei uma vara e bati nela e queria até colocá-la de joelhos em grãos de feijão, era o que tinha aprendido na escola, graças a Deus nossa vizinha chegou. Eu estava tão transtornada que entrei em luta corporal com a mesma, mais tarde briguei com o Adilson, não me lembro qual foi o motivo, peguei uma pedra e joguei na cabeça dele e aí o sangue desceu.

Quando meu pai chegava, era reclamação de todos os lados, vizinhos dando o relatório negativo do dia, professores e coordenadores da escola reclamando do mau comportamento, meus irmãos cada um querendo falar mais que o outro, vasilhas sujas, comida por fazer, crianças espalhadas pelas vizinhanças brincando e todos sujos, não sei como aguentou! Até que ele teve proposta de pessoas parentas e também não parentas, querendo nos adotar, mas ele resistiu firme.

Mesmo com todo esse relatório negativo, ele chegava do garimpo, ajudávamos a fazer o serviço que estava por fazer e não nos batia como a maioria das pessoas queria que fizesse, ele nos entendia e nos aconselhava só não nos ensinava o dever da escola, pois não sabia. E arrumava tempo para ir à igreja toda à terça-feira, quinta-feira, sábado e no domingo cedo para escolinha dominical e a noite para o culto.

Neste ano letivo conseguimos ser aprovados. Nas férias escolares estávamos soltos, o dia todo para brincar, brigar e viver sem regras, muitas crianças diziam querer uma vida como a nossa, só não sabiam a falta que sentíamos de ter uma vida normal, com horários para brincar e se alimentar, sentir o amor de mãe que com o tempo tornou-se insignificante para nós.

Em 1989, mais um ano difícil que gostaria ter passado em branco, pelo menos parte dele. Na terceira série estudei com o professor Eduardo. Percebemos de inicio que a tábua com as tampinhas de garrafa havia desaparecido, e que o seu uso havia sido proibido nas escolas, foi àquela euforia, só temíamos a coordenadora Maria Cardoso, quando ela aparecia no pátio, todos tremiam, pois já conhecia seus métodos de correção.

Certa vez, o Adilson e alguns coleguinhas foram pegos namorando uma coleguinha em meio a galhos de mangueira, Levaram eles para a secretaria. A coordenadora juntamente com a professora Gideone pegaram uma faca na cozinha e disseram que iria capá-los. Era apenas pressão e esse era método pedagógico utilizado pela escola que mais parecia estar vivendo em regime militar.

O famoso decoreba era lei, fazia parte projeto político pedagógico, se é que existia algum projeto. Antes de entrar na sala de aula o diretor é quem tomava a tabuada na porta, se não déssemos conta teríamos ter que estudar na secretaria sem direito ao recreio. O pior foi quando tivemos que decorar o nome de cada estado brasileiro e suas respectivas capitais.

Neste ano letivo não teve jeito, reprovamos, eu a Ana Maria e o Adilson. Nossos boletins estavam recheados de notas “vermelhas”, não conseguimos atingir a média e menos ainda a compreensão da equipe pedagógica, que não quiseram ou não conseguiam entender e nos ajudar neste momento tão difícil pelo qual passávamos.

Não era só na escola que as coisas não estavam bem. A economia brasileira atravessava por uma crise com a desvalorização da moeda nacional.

Recebemos uma herança da qual tínhamos o direito quando minha avó materna vendeu suas posses. As coisas melhoraram um pouco, como meu pai não estava conseguindo quitar os débitos com mercado e açougue ele usou parte da herança.

Como os preços eram renovados toda semana e o garimpo no qual papai trabalhava, assim como os demais da região, não estava rendendo nossa herança foi literalmente pro ralo. Poderia perguntar o porquê de não ter colocado no banco, o motivo era simples é que meu pai como a maioria das pessoas da época temia que o governo federal confiscasse o dinheiro.

No ano seguinte meu pai recebeu uma proposta para trabalhar e morar em uma fazenda a três quilômetros e meio da cidade. Era o que papai estava pedindo a Deus.

Diferente de hoje, não tinha a disposição o transporte escolar. Andava sete quilômetros até a escola mesmo com sol, chuva ou frio não faltava nenhum dia e éramos pontuais. No trajeto para escola era só festa. Brincava o tempo todo. Graças a Deus, nenhum acidente ou incidente ocorreu sem contar no alívio que meu pai teve por estarmos próximo dele, sob sua proteção. Há, e conseguimos alcançar a média escolar e fomos aprovados.

Papai com o dinheiro da venda do leite, que era seu salário, comprou algumas cabeças de gado, porcos e galinhas. O qual foi obrigado a vender quando a Alecssandra adoeceu, a ponto de ser cogitada a amputação de uma de suas pernas, mas graças a Deus e ao Dr.Alcebiades do Hospital Sotrauma de Cuiabá e depois de longo período de tratamento ficou curada, com algumas seqüelas, mas inteira.

Na escola a Alecssandra perdeu três anos letivos, por não poder se locomover e não haver um programa de inclusão no PPP escolar como podemos observar algumas resenhas atualmente.

Eu, a Ana Maria, o Salvarino e o João Paulo seguimos em frente na jornada escolar. O que não posso dizer do Adilson, pois quando tivemos que voltar para cidade ele viu se obrigado abandonar os estudos e trabalhar em outra fazenda. Meu pai a procura de emprego chegou a trabalhar até nas proximidades da cidade de Chapada dos Guimarães no garimpo sendo obrigado nos deixar sozinhos outra vez, agora praticamente todos adolescentes eu e a Ana Maria trabalhava de domestica e a Alecssandra morava temporariamente em Cuiabá.

Não perdi o prazer de estudar, pois sonhava em ser “alguém” na vida. Esforçava-me para alcançar as melhores notas, é o que me valia, sentia bem em ser a primeira da sala, principalmente na disciplina de matemática, onde tive um professor e amigo, Reginaldo, mesmo quando ele brincava dizendo que eu iria casar com o primo dele só pra me ver nervosa, eu me espelhava nele.

E foi aí que surgiu o sonho de ser professora de matemática, acho que ele nem sabe disso.

Aos quinze anos consegui um serviço no qual seria remunerada, pois até então trabalhava em troca de roupas, calçados e material escolar, mas precisei ir para Cuiabá.

Novas expectativas e experiências, novos colegas e novo professor de matemática, o professor Guilherme.

Na escola Ezequiel Siqueira, devido o meu esforço de ser a melhor da classe, eu não tive dificuldades em acompanhar o conteúdo. Debruçava sobre os livros até altas horas da madrugada para estudar e fazer as atividades, pois não tinha tempo no decorrer do dia.

A realidade lá era outra, alunos experientes, todos mais velhos que eu, eu era a mascote, mas só na idade, porque no tamanho...

Em 1996 estudei na escola Presidente Médici, somente o primeiro bimestre, mudamos para Arenápolis e estudei na escola Fillinto Mülher, mas me vi obrigada abandonar o serviço e a escola e voltei para casa, a Ana Maria sofreu um acidente e precisavam de mim.

Durante o período que fiquei fora de casa muitas coisas aconteceram, meu pai já não trabalhava no garimpo, era pedreiro na cidade mesmo.

A Alecssandra que havia retornado de Cuiabá e estava estudando, no final do quarto bimestre discutiu com a professora Rosiley o motivo? A professora a chamou de burra, porque segundo a professora a Alecssandra não sabia nem escrever o próprio nome. Quando na verdade a professora deveria dizer isso para o escrivão que registrou Alecssandra com ‘css’.

Como deu pra perceber o projeto político pedagógico da escola Acadêmico Lauro Augusto de Barros ainda era ultrapassado.

A motivação por estudar foi embora quando fui obrigada a mudar de escola por quatro vezes em um mesmo ano.

Só retornei à escola em 1999 e também definitivamente para o lar, chega de humilhações e ausência da família.

Na escola Acadêmico Lauro, observei algumas mudanças. Alguns professores recém formados, mesmo com muita dificuldade por causa do tradicionalismo que ainda imperava, procuravam da melhor maneira possível inovar as aulas, tornado-as mais atrativas.

Uma das professoras mais criticadas era Maricilda, professora de sociologia, nas suas aulas era feitos debates, longe do tradicional “decoreba”, envolvia toda turma. A avaliação era diária e respeitando os limites de cada aluno.

Era o início de uma nova era na escola Acadêmico Lauro Augusto de Barros. Um início dolorido, mas não demorou muito para outros professores seguirem a mesma linha de ensino aprendizagem. Ainda tinha aquele grupo de tradicionais dispostos a não ceder e se achavam os donos da verdade e ensinava que quem descobriu foi Pedro Álvares Cabral e ponto final, ai de quem discordasse, era zero na prova.

Quanto a meus irmãos, a Alecssandra abandonou os estudos e já estava casada, a Ana Maria estava terminando o segundo grau, o Adilson abandonou os estudos pra trabalhar em fazenda, o Salvarino e o João Paulo continuavam os estudos mesmo trabalhando também em fazenda.

Meu pai ainda era pedreiro, hora trabalhando, hora parado, mas não se casou continuava a cuidar de nós, mesmo quando estávamos longe ele nos acompanha com orações a Deus, para que nenhum de nós se perdesse no mundo das drogas e prostituição. E as suas orações foram ouvidas.

Terminei o segundo grau em uma escola de suplência em Nortelândia, o motivo? Queria terminar os estudos antes do casamento.

O sonho de ser professora de matemática ficou adormecido, mas casei-me com meu professor de matemática Reginaldo Braga.

Hoje é meu companheiro de estudo, estamos realizando o nosso grande sonho. Temos três grandes jóias que nos motiva ainda mais nesta aventura: Ben-Hur, Sara e a Lara nossa caçulinha.

O Ben-Hur já começou sua aventura na escola este ano, está na primeira fase do primeiro ciclo. Acompanho as reuniões e atividades e percebo a diferença.

O PPP tem fundamento e procura preparar o aluno para a vida, mesmo que pra competir, mas comparando com o de 1987, que foi quando iniciei e o de 2000 quando encerrei o segundo grau, ouve um grande avanço.

Há me permitam retornar e dizer que todos meus irmãos também estão casados. A Ana Maria concluiu o segundo grau, mas ainda sonha fazer curso de enfermagem. O Adilson nunca mais retornou a escola, sente a necessidade e a falta dos estudos, mas por ainda trabalhar em fazenda, é impossibilitado. A Sandra depois da discussão com a professora, lembra? Pois é naquela mesma noite ela foi para e casa pegou a certidão de nascimento mostrou para professora que teve que engolir seco, mas também desistiu de estudar.

O Salvarino só concluiu o ensino fundamental, desistiu por ser tímido e não conseguir acompanhar o novo método de ensino onde o aluno expunha o conteúdo para toda classe. O João Paulo mesmo trabalhando em fazenda conseguiu concluir o segundo grau e ainda sonha com a faculdade.

Papai depois de casar todos os filhos se casou também, e continua na profissão de pedreiro.

E mesmo estando casado continua intercedendo a Deus por cada um dos filhos, netos, genros e noras. Ele crê e eu também, que a razão de estarem todos bem é Deus em nossas vidas.

Termino minhas memórias com estas reflexões:


Como, em muita prova de tribulação, houve abundância de gozo.

E como a sua profunda pobreza superabundou em riquezas da sua generosidade.

(2ª coríntios: 8. 2)


                                                       AGORA



AGORA, REFAÇO MINHA AGENDA!

Do livro: “sorte é pra quem quer”

De: Silvia chridt

Que vantagem levo em:
Ficar pensando na criança que já fui?
QUERO SER CRIANÇA AGORA!
Prender-me à adolescência que perdi?
EU POSSO SER JOVEM AGORA!
Chorar as escolas que perdi?
TENHO A CHANCE DE APRENDER AGORA!
Lamentar as oportunidades de trabalho que não vi?
EU POSSO REALIZAR AGORA!
Ressentir-me de amigos que me desapontaram?
ESCOLHO TER NOVOS AMIGOS AGORA!
Frustar-me por diversões que não tive?
A VIDA PODE DIVERTIR-ME AGORA!
Fechar-me porque sofri decepções?
OUSO SER CONFIANTE AGORA!
Sofrer por sonhos não realizados?
ESTABELEÇO NOVAS METAS AGORA!
Desacreditar na felicidade porque já sofri?
ELA ESTÁ AO MEU ALCANCE AGORA!
Prender-me ao passado que ficou lá atrás?
VIVO MEU PRESENTE AGORA!
PREOCUPAR-ME COM O FUTURO QUE NÃO POSSO CONTROLAR?
DEIXO NAS MÃOS DE DEUS AGORA!
O MOMENTO PRESENTE
É TUDO QUE TENHO!
Eu decido fazer e ser o melhor...
AGORA!