Paralelo Entre a Epistemologia de Maturana e Toulmin


Paralelo Entre a Epistemologia de Maturana e Toulmin

Toulmin propõe construir uma nova teoria de compreensão humana, uma nova explicação das capacidades, processos e atividades através dos quais o homem compreende a natureza, envolvendo todas as disciplinas que se ocupam da percepção e do processo de conhecimento, e que, além disso, leve em conta os processos sócio-históricos através dos quais se desenvolveram nossos conceitos e fatores que levam à mudança conceitual. Toulmin defende uma posição direta na qual o ponto de vista principal da              ciência está nos conceitos, ou seja, átomos do conhecimento e na mudança conceitual. Neste aspecto a racionalidade está associada com os métodos necessários para que ocorra a mudança conceitual e esses métodos envolvem questões intelectuais, sociais, econômicas e culturais da comunidade em cada época e lugar. Ou seja, a maneira como os cientistas modificam suas posições intelectuais frente a experiências novas e imprevistas não ocorre em termos de coerência lógica e quase matemática dos conceitos e das suas crenças. Aqui Toulmin concorda com Maturana, no sentido de que julgamos nossos conceitos com base na nossa humanidade comum.
Acredito que as idéias de Maturana complementam as idéias de Toulmin no que se refere à compreensão humana, uma vez que Toulmin entende que ela se dá via uso coletivo de conceitos e via mudança conceitual que ocorre através da racionalidade. E a racionalidade é entendida como os procedimentos realizados pelo homem (cientista) para realizar a mudança conceitual e que envolve variáveis intelectuais, sociais, culturais e históricas. Talvez fique mais completo falar que tais procedimentos que Toulmin refere para alargar o conceito de racionalidade, envolvem inclusive o emocionar. Desse modo, concordo com Maturana, onde ele atentar para a emoção que define o domínio de ações aonde acontece uma atividade humana para que possamos compreendê-la. Isso faz sentido se entendermos a mudança conceitual como um processo associado ao domínio de ações, que tem por trás de si uma emoção, como diz Maturana e que permite um olhar diferenciado para o fenômeno, atribuindo-lhe um novo raciocínio, um novo enfoque, uma mudança conceitual, enfim. A filosofia de Maturana está voltada para o observador, definido como uma máquina autopoiética a partir do qual surgi o mundo que ele pode perceber compreender e explicar, ou seja, o observador é parte da própria realidade a ser explicada. 




Fonte:Fascículo Fundamentos Epistemológico de Humberto Maturana e Stephen Toulmin; HUMBERTO MATURANA, Ciência, Cognição e Vida Cotidiana, p. 123.